Maldito para a música erudita durante um bom tempo, o violão está vingado. O instrumento que só no século 20 foi reconhecido à altura do piano e do violino no meio musical serve agora, ironicamente, para divulgar a música... erudita. O Grupo Camerístico de Violão passa hoje por Santa Maria com o Concertos Didá- ticos nas Escolas, projeto que trabalha a formação de platéias. O trio de Pelotas, formado por Daniel R. Medeiros, Fá- bio Dalla Costa e Ivanov Basso, faz hoje um concerto na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Antônio Xavier da Rocha. Como hoje tem a estréia do Brasil na Copa, o recital será depois do jogo, às 18h, aberto ao público. No repertório, a fusão de erudito (Bizet) com popular (Pixinguinha, João Pernambuco) e ainda espaço para composições autorais de Daniel e Ivanov (que assina Belardes Rerrago). . Da linha popular, gostamos dos ritmos associados ao Sul, como milonga, chamamé, valsa, bugio, chacarera... . diz Ivanov. O projeto foi um dos 15 aprovados pela Fundação Nacional da Arte (Funarte), do Ministério da Cultura (MinC), entre os 51 inscritos. A seleção seguiu os critérios .nível artístico., .presença de música brasileira., .relação custo/benefício., .adequação do projeto às exigências do edital. e .repertório.. Com a aprovação, o Grupo Camerístico de Violão recebeu R$ 30 mil para a realização de, no mínimo, quatro concertos. A turnê, que começou no dia 23, passará por seis cidades (ou escolas) do interior do Estado até o dia 23. Santa Maria é a terceira. . O projeto trabalha a formação de platéias, algo muito atual na discussão sobre música e cultura. Ao invés de tocar em um teatro, levamos o concerto até as pessoas . conta Ivanov. O violonista é professor do curso de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mas antes, foi aluno da UFSM, onde estudou violão e se formou em Música em 1992. A mãe dele, Geralda Basso, é professora da Escola Antônio Xavier da Rocha, onde o grupo se apresentará. Os outros parceiros do trio também se conheceram na UFPel. Daniel R. Medeiros e Fábio Dalla Costa se formaram lá. Hoje, Daniel dá aula na federal de Pelotas. Grupo foi criado em 2001 na UFPel O Grupo Camerístico de Violões foi criado em 2001 como um projeto de pesquisa no curso de Música. O .camerístico. do nome foi emprestado de Orquestra de Câ- mara: formações reduzidas no número de instrumentos. Inicialmente, o objetivo era o trabalho de transcrição e arranjo de obras de grandes autores da música universal, como Bach, Pachelbel, Vivaldi, Boccherini, Grieg e Bizet, e também de autores brasileiros identificados com a música popular, como João Pernambuco, Joaquim Callado, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, entre outros. . O violão não tinha o mesmo prestígio do piano e do violino. Teve seus altos e baixos até que, no século 20, começou a aparecer mais com a obra de espanhóis como Francisco Tárrega e Andrés Segóvia. No Brasil, tivemos João Pernambuco, Garoto e muitos outros. Mas foi só com Villa-Lobos, que fez algumas peças para violão, que o instrumento ganhou prestígio . conta Ivanov. Em 2005, o Grupo Camerístico de Violões saiu dos corredores acadêmicos e virou um projeto profissional. Além da atual turnê pelo projeto Concertos Didáticos nas Escolas, o trio está trabalhando composi- ções próprias e planejando o lançamento de um CD até o fim do ano. . Hoje, o violão está com seu espaço conquistado, mesmo no meio erudito . diz Ivanov. Se depender do projeto do trio, o violão passou de maldito a benfeitor. têm resumo
O QUÊ: espetáculo do Grupo Camerístico de Violões
QUANDO: hoje, 18h (depois do jogo do Brasil na Copa) ONDE: Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Antônio Xavier da Rocha (Marechal Deodoro, 420, Itararé, (55) 3222-8395)
QUANTO: de graça
De maldito, a benfeitor Antes malvisto no meio clássico, o violão leva música erudita a escolas com o Grupo Camerístico Violoneiros: os músicos Ivanov (a partir da esq.), Daniel e Fábio Do popular ao erudito
O projeto Concertos Didáticos nas Escolas é um projeto aprovado pela Funarte/MinC com patrocínio da Petrobras pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC).
O roteiro: Pelotas: 23 de maio - Jaguarão: 12 de junho - Santa Maria: hoje - Pelotas: 17 de junho - Santo Ângelo: 20 de junho - Cruz Alta: 23 de junho
O edital recebeu inscrições de 51 projetos. Foram selecionados 15. Cada um recebe R$ 30 mil. A seleção obedeceu os critérios nível artístico, presença de música brasileira, relação custo/benefício, adequação do projeto às exigências do edital e repertório O violão - Sua origem não é muito clara. Teria chegado à Península Ibérica por volta do século 1 d.C. com os romanos e logo foi ganhando transformações A segunda hipótese é que chegou à Península Ibérica com as invasões muçulmanas. Por isso, o violão é intimamente ligado à Espanha e a sua história No Brasil. Foi introduzido pelos jesuítas portugueses, que o utilizavam na catequese. Na década de 10, destaca-se João Teixeira Guimarães (1883-1947), ou João Pernambuco Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955), o Garoto, foi um dos precursores do estilo de violão estilo que inspirou a bossa nova. Na linha da música popular, destacam-se Américo Jacomino (1916-1977), Nicanor Teixeira e, mais recentemente, Egberto Gismonti Villa-Lobos (1887-1959) também criou obras para o instrumento que continuam sendo as mais conhecidas nos meios violonísticos nacionais e internacionais. Também se destaca a obra de Radamés Gnatalli (1906-1988) Dilermando Reis (1916-1977) foi um dos definidores do jeito brasileiro de tocar violão. No estouro da bossa nova nos anos 50, Baden Powell foi reconhecido por seu jeito percussivo de tocar, com elementos da música afro Raphael Rabello (1962-1995) é sinônimo de fluência e virtuosismo no violão brasileiro Paulo Bellinati é considerado um dos violonistas brasileiros mais refinados em todos os tempos Pixinguinha t Lamentos João Pernambuco Graúna Belardes Rerrago Suíte Pelotas: – Aquário – Lagoa – Charqueada Georges Bizet - Suíte Carmen: – Abertura – Habanera – Entreato III Daniel R. Medeiros Milonga Trio de violonistas de Pelotas passa hoje por Santa Maria com espetáculo na Antônio Xavier O repertório Divulgação/Diário de Santa Maria - 13/06/2006





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